Massagem chinesa

Até hoje, o único contato que eu havia tido com os chineses em Luanda eram com as garçonetes do restaurante super chique que tem na Ilha, que anotam os pedidos pelos números marcados na frente dos pratos porque não falam nada de português.
Sim, tem os milhares de chinesinhos que andam sempre em bando com cara de assustados, olhos apontados pro chão e que parecem passar dia e noite a trabalhar pra deixar Luanda com cara de Dubai de tantos prédios novos que estão sendo erguidos não são os únicos chineses da cidade, mas esses a gente só vê passando.
Hoje decidi fazer massagem e acupuntura num lugar de chineses aqui do lado de casa. Foi ótimo e surreal tb. O cara que me atendeu falava português suficientemente bem pra eu dizer que queria meia hora de massagem e meia hora de acupuntura, conforme haviam me indicado. Fui pra tal sala da massagem e fui atendida por um outro chinesinho que acho que só sabia falar duas coisas em português: tilalopa (tilei a lopa e me embrulhei num lençol) e dói. Sim, doeu muito, pois estava mesmo bem tensa.
Mesmo sem falar português, ele tentou puxar papo comigo, mas não rolou. Entre uma e outra agulha espetada nas minhas costas, consegui entender apenas que meu músculo estava duro, que ele se chama André em português e que ele não gosta de Luanda, mas gosta de Beijim e do Brasil. Acho que ele não deve ter ido ao Brasil, mas pra saber isso já era preciso um grau de comunicação maior do que o que conseguimos estabelecer.
Também no meio do atendimento entrou uma chinesinha e eles ficaram batendo papo por uns 5 minutos. Fiquei viajando em como deve ser morar num país em que não dá pra entender nada do que se fala e lembrei da minha amiga Cati, que está lá na China não entendendo nada que os outros falam.
Depois ele esticou minhas pernas, torceu meu pescoço, estalou minhas costas e pronto. Saí beeeeem mais leve do que entrei.