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o mar que morre devagar

09/12/2011

 

Quem anda pela praia não vê mais concha. Quem vai pra Castelhanos encontra a praia cheia de lixo trazida pelo mar. Quem conversa com os pescadores escuta a reclamação de que não tem mais peixe no canal. Quem mergulha na praia do Julião vê que os corais estão doentes.
Nós deitamos nossos corpos saudáveis na areia cheia de cocô. Nadamos no mar em frente da placa vermelha denunciando “imprópria”. Pulamos um córrego que carrega esgoto como se ele não estivesse aí. Fingimos que está tudo bem. Afinal, queremos aproveitar nosso fim de semana, pois na segunda tudo recomeça. Não queremos enxergar que estamos matando, cada dia um pouco, o nosso mar.
Fantasiamos que o mar pode absorver todo o nosso lixo, o nosso descarte, o nosso descaso. Mas ele anda dizendo pra gente que não é bem assim. E a gente não tá escutando.

 

Está em andamento um projeto do governo do Estado São Paulo para ampliar o porto de São Sebastião, no litoral de São Paulo, e transformá-lo num movimentado terminal de navios de carga (leia mais aqui). Definitivamente, isso não está certo.

Águas da Ilha

07/12/2009

Essas águas são as mesmas que banharam as terras que minha bisavó nasceu, que minha avó e seus nove irmãos nadaram enquanto na terra não havia estrada nem carros e quase não havia casas, apenas a delegacia, a igreja, o pontão e uma ou outa coisa. Eles comiam pão quente com manteiga no pontão e as águas eram bem pouco iluminadas, pois a cidade que ficava do outro lado do canal era ainda pequenina. São as águas que meus avós olharam quando namoravam, que meu pai brincou com seus montes de primos na praia que antes do porto tinha uma areia comprida na frente, que meus pais que meus avós olharam quando namoravam.

São as mesmas águas calmas que eu aprendi a nadar, que meus irmãos aprenderam a nadar e que à noite ficam brilhantes por causa dos plânctons.

São essas águas que me revitalizam carregam as baterias pelo menos uma vez em cada mês, sobre as quais eu me deito e olho o céu e os morros. Os morros têm cada vez mais casas.

Essa é a água mais familiar que eu conheço. É a água que eu poderia chamar de casa, se desse para chamar alguma água de casa. Ou de mãe.